BREVE ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA FORMA DAS SERIFAS NA LEGIBILIDADE DE TEXTOS LONGOS

Carolina Ferreira

 

Os tipos com serifa são geralmente aceites como mais legíveis para textos longos. Unger (2007) argumenta que essa legibilidade se deve às serifas permitirem uma maior distinção dos caracteres na visão parafoveal, essencial para a leitura continuada. Esta posição é curiosa, se tivermos em conta que a origem e evolução das serifas parece ter estado completamente alheia a preocupações de legibilidade. Além disso, o estudo de Pelli et al. (2007) conclui que não é a diminuição da acuidade visual na parafóvea que determina a legibilidade, mas sim o fenómeno de crowding, que só ocorre nessa área do campo visual. Por outro lado, Ahrens (2008) questiona a pertinência de se discutir a legibilidade das serifas em corpos de texto, uma vez que existem evidências de que a informação visual de alta frequência espacial (ou seja, os detalhes das letras) é filtrada durante a percepção das formas, pelo menos na fóvea. Isto significa que, na prática, o leitor não vê as serifas. Não é conhecida, no entanto, a influência dos canais de frequência espacial na visão parafoveal.

 

Este estudo propõe-se a analisar se variações nas formas das serifas e terminais influenciam a legibilidade na parafóvea. Seguindo a metodologia dos estudos de Beier (2009), Beier & Larson (2010) e Carter & Larson (2013), dois tipos de uma mesma família tipográfica, Breve News e Breve Text, respectivamente com serifas em gota e cinzeladas, foram sujeitos a testes de curta exposição. Os resultados indicam que há uma influência dos canais de frequência na visão parafoveal, e portanto, a forma das serifas deverá ser um aspecto a considerar na legibilidade de textos longos.

 

O MANUAL DO TIPÓGRAFO DE LIBÂNIO DA SILVA

Um projecto ubíquo para a prática tipográfica.

Sofia Rodrigues

 

Aclamado por várias gerações de tipógrafos nacionais, o Manual do Tipógrafo de Libânio da Silva, editado pela primeira vez em 1908 e reimpresso em 1962, constitui-se como uma obra referencial para a aprendizagem deste ofício, um estatuto que muito pouca literatura técnica portuguesa, alcançará. Mas o que o torna uma referência incontornável – ubíqua – para os profissionais do meio gráfico? A resposta a esta pergunta aparece desde logo expressa no prólogo da edição de 62, quando a obra de Libânio da Silva é simultaneamente descri-ta como um Manual clássico, sempre actual. Num país desprovido de ensino especializado para as artes gráficas e tipográficas, onde não abundavam obras didácticas que suprimissem essa falta, o Manual do Tipógrafo transforma-se num objecto de leitura imperativa.

 

O seu interior tenta ocupar-se de toda a matéria teórica e prática indispensável ao saber pensar e fazer a tipografia. Aqui se encontram as bases de um conjunto de conhecimentos necessários e ubíquos à tarefa do compositor, desde o domínio dos utensílios inerentes ao seu ofício, à completa estruturação de uma página em volume. Mais do que enunciar aquilo que não pode deixar de ser mencionado, o Manual de Libânio da Silva tem a originalidade de apelar ao sentido criativo do tipógrafo, através da exposição de exemplos originais, capazes de propor uma alternativa legítima ao predomínio do modelo clássico.

 

 

TRAJAN, THE UBIQUITOUS TYPEFACE IN MOVIE POSTERS

Yves Peters

 

Soon after its appearance on the font market more than 20 years ago, the Adobe Original Trajan was embraced by Hollywood. Now it seems to grace more movie posters than any other typeface. Its stately and classic character shapes made it the go-to choice for Oscar material. Yet in recent years the popular font has apparently fallen from grace, and a pretender to the throne is vying to take its place.